Quem disse que mulher não gosta de política? Uma análise da representação feminina em uma década de Parlamento Jovem Brasileiro

Autores

  • Ana Lúcia Henrique Câmara dos Deputados

Palavras-chave:

Representação feminina, Participação política, Cotas para mulheres, Parlamento Jovem, Teto de vidro.

Resumo

As mulheres correspondem a 52% do eleitorado brasileiro. No Congresso Nacional, a bancada feminina trazida pelas urnas em 2014 é de 10% (51/513) na Câmara dos Deputados e de 18% (5/27) no Senado Federal. As origens da sub-representação são anteriores ao pleito. Os partidos alegam que as mulheres não se interessam pela política e, por isso, não preenchem nem mesmo a cota mínima de 30% por sexo, nas listas de candidatos para eleições proporcionais. Nas dez edições do Parlamento Jovem Brasileiro (PJB), no entanto, as mulheres tiveram uma representação média de 48%, ou seja, bem próxima da paridade, sendo que em quatro delas a proporção de mulheres foi maior do que a dos homens. Nas mesas diretoras do PJB, entretanto, a participação média cai para 39% e em apenas três edições houve uma mulher presidente. O presente artigo analisa a representação feminina trazida pelas urnas para o Congresso Nacional desde a 50ª Legislatura – a última antes da introdução da cota legal – até a bancada eleita para a 55ª Legislatura e a compara com a representação das mulheres em uma década do programa anual de simulação de jornada parlamentar para estudantes secundaristas na Câmara dos Deputados (2004 a 2014). A análise mostra que, mais do que o desinteresse pela política, a baixa representatividade pode revelar problemas de acesso das mulheres às candidaturas, que no Brasil passam compulsoriamente pelo crivo partidário. Vencida à barreira do ingresso, o chamado “teto de vidro” continua presente na simulação e na vida real, em cujos cargos de decisão a presença dos homens é mais alta.

Biografia do Autor

Ana Lúcia Henrique, Câmara dos Deputados

Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal de Goiás (UFG, 2016) e mestre em Ciência Política e Sociologia pelo Iuperj (2009). Possui graduação em Comunicação Social, habilitação jornalismo, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985) e em Comunicação Institucional e Relações Públicas pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (2007), além de Especialização em Administração Mercadológica pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (CEAG, 1992).

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Publicado

05/02/2019

Como Citar

Henrique, A. L. (2019). Quem disse que mulher não gosta de política? Uma análise da representação feminina em uma década de Parlamento Jovem Brasileiro. Cadernos Da Escola Do Legislativo, 18(29), 55–86. Recuperado de https://cadernosdolegislativo.almg.gov.br/cadernos-ele/article/view/110

Edição

Seção

ARTIGOS/ARTICLES