Unilateralismo do Executivo e cadeias de delegação defasadas

Autores

  • Júlio César Guimarães de Paula

Palavras-chave:

Delegação, Federalismo, Unilateralismo, Executivo, Defasagem delegativa

Resumo

A ideia de delegação se concentra na concessão de autoridade a atores constituídos de alguma autoridade institucional. A essência da delegação passa minimamente por três dimensões. (1) a quem delegar; (2) o que delegar e (3) e o quanto delegar. Assim, em quais cenários o Legislativo, enquanto “ator principal” nesse processo, tem incentivos para rever os paradigmas da delegação ao Executivo? Os trabalhos de Arretche (2009, 2013) sintetizam bem a gênese do processo de ressignificação do papel federativo dos estados brasileiros a partir de meados dos anos 1990. O fato é que algumas normas federais impuseram fortes restrições orçamentárias aos níveis subnacionais de governo, em especial aos estados da federação. Com base em tal diagnóstico, proponho o conceito de “cadeias de delegação defasadas”, como forma de caracterizar as mudanças ocorridas no federalismo brasileiro e suas consequências para os fundamentos da relação Executivo-Legislativo nos estados da federação. O mecanismo que sustenta a ideia de defasagem delegativa é que os choques constantes na atratividade institucional do agente fomentam atividades recalcitrantes do ator principal. A hipótese de trabalho principal é que em períodos de defasagem delegativa os governadores potencializam suas ações unilaterais, como forma de manter alguma capacidade de policy-making sobre as políticas públicas. Sob esse prisma, os achados apontam para uma confluência entre os mecanismos “períodos de defasagem delegativa” e “estabelecimento de atos unilaterais dos governadores”.

Biografia do Autor

Júlio César Guimarães de Paula

Doutorando e mestre em Ciência Política, especialista em Políticas Públicas e Estatística e graduado em História e Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pesquisador do Centro de Estudos Legislativos da mesma instituição (DCP-UFMG).

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Publicado

19/12/2022

Edição

Seção

ARTIGOS/ARTICLES